
Digo isso tudo porque antes de pegar nas panelas, Juarez Campos formou-se em farmácia e bioquímica e durante 20 anos foi professor universitário. Ele começou a cozinhar quando mudou-se para a capital capixaba e foi morar em uma república. Na casa, onde só viviam homens, ninguém cozinhava. Juarez começou a preparar algumas das receitas que a mãe ia lhe ensinando e os pratos receberam muitos elogios. Como ele mesmo diz, isso acontecia nem tanto porque eles eram saborosos, mas porque eram os únicos na casa.
Durante as duas décadas em que lecionou Química, ele fez, paralelamente muitos cursos de gastronomia. Uma vez por semana, Juarez assistia as aulas do chef Laurent Suaudeau, que comanda uma das mais conceituadas escolas de gastronomia de São Paulo. Por quatro anos, todas as quartas-feiras, ele visitava a capital paulista só para ir aos cursos e voltava na mesma noite, sempre de ônibus. Chegava em Vitória na hora da primeira aula de quinta-feira.
Neste tempo, Juarez gastou todo o dinheiro do salário de professor para pagar viagens internacionais. Visitou a Itália, a França e em cada cidade que parava queria conhecer restaurantes e visitar a cozinha de cada um deles. Ele conta que só em Nova York conseguiu fazer estágios em oito grandes restaurantes.
Juarez decidiu, então, largar o magistério e montar seu primeiro restaurante, o Oriundi, na garagem do cunhado. A casa deu muito certo e hoje Juarez comanda três bem conceituadas cozinhas em Vitória. Os frutos do trabalho duro podem ser vistos em sua casa, que tem cozinha com equipamento profissional e armários e mais armários forrados de livros sobre gastronomia. O audi novinho, porém, fica na garagem. O chef Juarez sai todas as noites para visitar os restaurantes pilotando uma scooter.