segunda-feira, 5 de maio de 2008

Te conheço?

Ontem encontrei uma pessoa que até agora não consigo acreditar. Estou realmente impressionada. Como é possível você conversar como uma pessoa cinco minutos e já chegar à conclusão que nunca mais quer vê-la na sua vida.

Não tenho nem como descrever esta criatura, por isso deixo trechos do diálogo que tivemos. O cenário: um restaurante chiquinho de Guarapari.

- Você é da Veja, né?
- Sou.
- Ai, eu também sou jornalista. Na verdade sou telejornalista, trabalho na retransmissora local da Globo, TV não sei o que e blá, blá, blá, blá. Mas vim falar com você porque eu conheço todas as meninas que estão trabalhando para a Veja aqui em Vitória, então se você quiser saber alguma coisa...
- Ah, é? Que legal. Obrigada, se precisar falo com você (NOT!).
- Pode perguntar porque eu sei tudo sobre esse restaurante. A mamãe adora o franguinho grelhado daqui, e quando o chef faz pizza então... melhores que as de São Paulo.
- Ok. Obrigada.
- Eles ganharam, né? Melhor do litoral?
- Ganharam. Na edição do ano passado.
- Não, na desse ano.
- Não sei. Os jurados ainda estão votando e o resultado ainda não foi divulgado.
- Mas as meninas me falaram que quando vem uma jornalista de São Paulo é porque a casa ganhou.

A dona do restaurante, que presenciou toda a conversa e já tinha começado a ficar constrangida:
- Deu para você ver como serve o prato, né?

- Deu sim. Ficou bem bonito.
- Você vai comer, né? Você não pode sair daqui sem provar um pouquinho da comida deles.
- Não, eu não como nos restaurantes que eu visito. Política da editora.
- Ai, você teeeeeeem que comeeeeeer. Como assim? Sente esse cheirinho, olha que prato lindo. Não dá para não comer.
- Não, eu não vou comer aqui.

Mais uma interrupção da proprietária que agora já estava constrangidíssima:
- Ela disse que não pode. Ela volta outro dia com mais calma, quando não estiver trabalhando.

- Ai peraí, você não vai me dizer que quer ser tão imparcial que só vai comer McDonald’s e Bob’s todo dia enquanto estiver aqui?
- Eu vim visitar algumas casas e não vou comer em nenhuma delas enquanto estiver aqui trabalhando.
- Mas olha, faz assim. Você anota aí tudinho, fecha a caneta, fecha o bloquinho e pronto. Acabou. Você não está mais aqui como jornalista.
- Eu não vou almoçar aqui. Ainda tenho que visitar outros lugares hoje.

Tive que sair andando, não encontrei outra solução, mas minha vontade era mesmo virar e falar: “Me desculpa, mas eu te conheço?”

O melhor de tudo foi quando entrei no carro do seu Geraldinho, um taxista gordinho e engraçadíssimo que estava me dando uma caroninha, e contei a história. A resposta dele: “Ai, eu vi ela lá dentro, bem que eu tinha reconhecido. Mas ela não é boa jornalista não, outro dia vi ela na TV e ela não faz nada direito”. Tadinho, ele falou isso só para ser bonzinho, mas foi bonitinho.

E agora também, só de birra, acabei de almoçar McDonald's e se eu fosse ficar até amanhã, jantava Bob's!!

Razões para gostar de Vitória

1 – Aqui tem praias por todos os lados.
2 – Todo restaurante, bar, boteco ou lanchonete tem uma varanda.
3 – As pessoas são meio loucas, falam o que vem na cabeça e conhecem todo mundo da cidade.
4 – O pessoal senta no bar às sete, troca de lugar no meio da noite e fica na balada até amanhecer.
5 – Os bares têm clima de boteco, não precisa nem se arrumar para sair.
6 – É só você chegar perto do cruzamento que todos os carros param para você atravessar.

Também existe a lista de “porque não gostar”. Mas até agora os prós superaram os contras.

OBS: Alguém sabia que os capixabas torcem para times cariocas? Porque eu não sabia e fiquei impressionadíssima quando comecei a ver multidões com camisas do Flamengo. Outros poucos torcedores do Botafogo me ajudaram a entender que não, eu não tinha cruzado com enormes excursões de turistas do Rio de Janeiro.

Sobre o post anterior: Sim, é a contagem das casas que eu tinha que visitar versus as que eu já conheci. Só um desabafo rápido depois de fazer as contas e pela primeira vez achar que ia realmente funcionar.