Posso me lembrar como se fosse ontem de quando o telefone tocou e da boca da minha mãe eu ouvi as palavras “vai ser hoje? Você já está indo para lá?”. Eu tinha apenas 12 anos na época, mas já entendi perfeitamente do que se tratava e em uma pequena confusão de sentimentos, pude senti as lágrimas rolando pelo meu rosto. Não chorava de tristeza. Era uma alegria tão simples e profunda que eu acho que jamais saberia expressar por palavras. Era hoje. Era hoje o dia em que minha irmã seria mãe e eu tia.
Corremos, corremos muito pelas ruas congestionadas. O caminho até a maternidade São Luiz nunca pareceu tão longo. Não tínhamos nada nas mãos, nem uma flor, nem um presente. Nada daquilo que planejavamos entregar à mãe e ao bebê quando os víssemos pela primeira vez. Mas, sem sabermos bem porque, nada disso parecia importar.
Quando passamos correndo pela porta de vidro na entrada do hospital, minha irmã já estava sendo preparada pelos médicos para a operação. Estava cuidando dos últimos detalhes antes daquele que seria o momento mais especial da sua vida até então. Minha mãe insistiu com as enfermeiras que precisava vê-la antes da cirurgia. Tanto insistiu que conseguiu. Eu esperei do lado de fora, mas mandei por ela o meu carinho e desejo de que tudo corresse muito bem.
Lembro da pequena sala com sofás de couro preto que ficamos esperando por notícias do nascimento. Lembro também quando toda a família se virou para ver o mais novo papai entrando ainda branco de susto para dizer que tudo tinha corrido bem. Contou que tinha quase desmaiado, mas que mãe e bebê estavam ótimos. Depois disso, revelou grande mistério do dia: era um menino. Era o Fernando. Até então, o sexo do bebê era um segredo que somente o médico do ultra-som poderia decifrar, mas que a mamãe de primeira viagem persistentemente se negou a desvendar.
Seis horas depois de chegar ao mundo, o Fê subiu ao quarto para a primeira mamada. Toda a família aguardava do lado de fora. Quando o vi pela primeira vez, um sentimento ainda maior tomou conta de mim. Ele era lindo, perfeito, era a criança mais graciosa que eu já tinha visto. Me lembro de olhar pelo vidro do berçário e pensar que era impressionante como todos os outros bebês ali deitadinhos eram pequenos, com cara de joelho, menos o meu sobrinho.
Não me recordo como voltei para casa, nem que horas saímos de lá. Hoje, quase dez anos depois, minha memória guardou somente as impressões mais intensas. Mas uma década é muito e não sei como esse tempo todo passou tão rápido. Ainda não consegui entender. Lembro que no dia em que ele nasceu eu pensei que quando eu fizesse 24 anos o Fê seria exatamente o que eu era naquele dia, ele teria 12 anos e saberia tudo que eu sabia. Mas essa data, que agora já está próxima, ainda parecia fazer parte de um futuro muito distante.
Amanhã é dia de festa: 10 anos do meu querido primeiro sobrinho. E quem sabe daqui a alguns meses eu não conto como, três anos depois, no dia 23 de novembro, chegaram outros dois novos membros da família Figueiredo Ponzini?!
Parabéns à Vera e ao Fê pela data. Doze de agosto é o dia do aniversário dos dois leoninos da família.
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
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