quarta-feira, 8 de abril de 2009
Corumbau: novas descobertas
Na Ponta do Corumbau, não só aprendi como andar na garupa de uma moto, mas entendi como se deve fazer isso em uma esburacada estrada de terra. Descobri qual é o sabor de cajá-manga (não é cajá, apesar de eu insistir que era a mesma coisa), o gosto de genipapo, comi pela primeira vez biribiri e descobri que é uma das coisas mais azedas que alguém pode provar na vida. Biribiri tem consistência de carambola e gosto de limão, só que mais azedo. Depois disso, em uma caminhada na praia, fiquei sabendo que cacto dá fruta. E fruta gostosa. A casca rosa e o interior branquinho cheio de sementinhas pretas fez com que eu me lembrasse de uma fruta semelhante, um pouco maior, que havia visto no Mercadão. Mas o seu Dinho me explicou que aquela é de cacto japonês. Esses brasileiros ninguém cultiva para vender, você só come assim, quando anda na praia e pega direto do pé.
Como chegar a Corumbau?
No dia em que cheguei em Caraíva, achei que meus problemas com estradas estavam chegando ao fim. Dalí em diante, a chuva pararia e eu poderia continuar a viagem tranquilamente. Isso foi o que eu imaginei, não o que aconteceu. A nuvens pretas não sumiram do céu e todos me falavam que eu não conseguiria chegar a Corumbau de jeito nenhum com aquele tempo.
Insisti até o último minuto em ir de carro. Mas dando ouvidos aos locais e me lembrando da história da repórter que já tinha perdido o carro justamente nesse trecho, decidi optar por um transporte alternativo. Mas como eu poderia ir? Única opção... ir de bugue. Pela praia atravessaria apenas 12 quilômetros, já de carro o trajeto tinha mais de 100. Foi assim que, deixei metade da minha bagagem para trás e saltei em um buguezinho pilotado por um índio da aldeia pataxó vizinha a Caraíva. Chegando em Corumbau, mais uma travessia de canoa, mas dessa vez eu já estava acostumada...
O problema foi que a minha dificuldade com transporte não terminou por aí. Chegando em Corumbau, nem um mísero sinal de celular, e eu fui assuntar com o pessoal local onde era a minha pousada. Pelo que eu ouvi, ela estava a uns quatro quilômetros de lá. Ok, então preciso pegar um taxi, ou um moto-taxi, ou um bugue ou uma canoa... Acontece que não havia nenhuma dessas opções. Eu poderia bater de porta em porta e ver se alguém da vila de pescadores tinha uma moto para me levar até lá. Achei melhor não arriscar. Coloquei minhas havaianas na estrada e cheguei a pé (meio acabada por causa das malas) na pousada.
No trajeto todo da vila para a pousada, não parava de me perguntar como faria todas as visitas do dia seguinte sem carro. A solução veio quando o seu Dinho, dono da pousada que eu estava, disse que me levaria em sua moto. Passei o dia seguinte inteiro na garupa da moto do seu Dinho, tomando banho de lama quando um carro passava pela gente. A primeira coisa que eu disse para ele pouco antes da carona: “olha, o máximo que eu já andei de moto foi dar uma voltinha na garagem da minha irmã”. E a resposta: “então hoje você vai tirar esse atraso”.
Insisti até o último minuto em ir de carro. Mas dando ouvidos aos locais e me lembrando da história da repórter que já tinha perdido o carro justamente nesse trecho, decidi optar por um transporte alternativo. Mas como eu poderia ir? Única opção... ir de bugue. Pela praia atravessaria apenas 12 quilômetros, já de carro o trajeto tinha mais de 100. Foi assim que, deixei metade da minha bagagem para trás e saltei em um buguezinho pilotado por um índio da aldeia pataxó vizinha a Caraíva. Chegando em Corumbau, mais uma travessia de canoa, mas dessa vez eu já estava acostumada...
O problema foi que a minha dificuldade com transporte não terminou por aí. Chegando em Corumbau, nem um mísero sinal de celular, e eu fui assuntar com o pessoal local onde era a minha pousada. Pelo que eu ouvi, ela estava a uns quatro quilômetros de lá. Ok, então preciso pegar um taxi, ou um moto-taxi, ou um bugue ou uma canoa... Acontece que não havia nenhuma dessas opções. Eu poderia bater de porta em porta e ver se alguém da vila de pescadores tinha uma moto para me levar até lá. Achei melhor não arriscar. Coloquei minhas havaianas na estrada e cheguei a pé (meio acabada por causa das malas) na pousada.
No trajeto todo da vila para a pousada, não parava de me perguntar como faria todas as visitas do dia seguinte sem carro. A solução veio quando o seu Dinho, dono da pousada que eu estava, disse que me levaria em sua moto. Passei o dia seguinte inteiro na garupa da moto do seu Dinho, tomando banho de lama quando um carro passava pela gente. A primeira coisa que eu disse para ele pouco antes da carona: “olha, o máximo que eu já andei de moto foi dar uma voltinha na garagem da minha irmã”. E a resposta: “então hoje você vai tirar esse atraso”.
Caraíva: um capítulo à parte
A novela da viagem para Caraíva começou um dia antes, quando liguei para confirmar minha reserva na pousada. Hospedagem garantida, do outro lado da linha a voz me perguntou: “Você já veio alguma vez para cá?”. Minha resposta negativa fez com que a dona da pousada me desse uma prévia de como seria minha manhã seguinte. “Olha, chegando aqui você deixa o seu carro no estacionamento, avisa quantos dias você vai ficar, atravessa o rio de canoa e aí você já está na vila.” Minha vontade imediata foi dar um berro de indignação e perguntar se ela tinha noção da quantidade de bagagens que eu tinha. Só a minha mala grande tinha mais de 30 quilos, como eu poderia atravessar o rio de canoa? Mas tudo que saiu da minha boca foi um abafado “ok, então até amanhã”.
Na manhã seguinte, acordei cedo já imaginando a maratona que teria de enfrentar. O dia estava nublado e logo no café da manhã o seu Karl (velhinho austríaco dono da pousada que eu estava, que parecia dar uma bronca a cada palavra que emitia) começou a me dizer que seria uma loucura enfrentar a estrada para Caraíva com aquele tempo chuvoso. A voz rouca e com forte sotaque me dizia que no caminho para lá eu encontraria muitas ladeiras esburacadas (pirambeiras, nas palavras dele) e que meu carro não passaria, só mesmo um 4X4. Mas eu não tinha escolha, não podia atrasar a viagem um só dia.
A estrada estava realmente ruim, mas nada que o meu carrinho não pudesse enfrentar. Quando cheguei a Caraíva, descobri que não somente teria de pegar a canoa como, do outro lado do rio, teria de pegar um taxi até a pousada. Mas como assim um taxi se não é permitida a circulação de carros na vila? Taxi por lá é uma carroça. Em vez de você pagar a “corrida”, em Caraíva você paga a “carroçada”. Depois de me equilibrar na canoa e trimilicar na carroça, cheguei a um lugar como nunca havia imaginado. A pequena vila tem energia elétrica há apenas dois anos e pelas ruazinhas de areia fofa (bem fofa mesmo, daquelas que é até difícil andar) só encontramos algumas poucas pessoas andando a pé e raras carroças levando turistas. O ritmo de quem vive lá é diferente, diferente do que quem vive em cidade grande consegue imaginar.
Caraíva é assim:
Malas viajadas:
Na manhã seguinte, acordei cedo já imaginando a maratona que teria de enfrentar. O dia estava nublado e logo no café da manhã o seu Karl (velhinho austríaco dono da pousada que eu estava, que parecia dar uma bronca a cada palavra que emitia) começou a me dizer que seria uma loucura enfrentar a estrada para Caraíva com aquele tempo chuvoso. A voz rouca e com forte sotaque me dizia que no caminho para lá eu encontraria muitas ladeiras esburacadas (pirambeiras, nas palavras dele) e que meu carro não passaria, só mesmo um 4X4. Mas eu não tinha escolha, não podia atrasar a viagem um só dia.
A estrada estava realmente ruim, mas nada que o meu carrinho não pudesse enfrentar. Quando cheguei a Caraíva, descobri que não somente teria de pegar a canoa como, do outro lado do rio, teria de pegar um taxi até a pousada. Mas como assim um taxi se não é permitida a circulação de carros na vila? Taxi por lá é uma carroça. Em vez de você pagar a “corrida”, em Caraíva você paga a “carroçada”. Depois de me equilibrar na canoa e trimilicar na carroça, cheguei a um lugar como nunca havia imaginado. A pequena vila tem energia elétrica há apenas dois anos e pelas ruazinhas de areia fofa (bem fofa mesmo, daquelas que é até difícil andar) só encontramos algumas poucas pessoas andando a pé e raras carroças levando turistas. O ritmo de quem vive lá é diferente, diferente do que quem vive em cidade grande consegue imaginar.
Luna, a cachorrinha da pousada que me acompanhou 24h, almoçou e jantou comigo, depois dormiu na porta do meu quarto
Caraíva é assim:
Malas viajadas:
Assinar:
Postagens (Atom)