Em Porto Seguro, eu visitei a Reserva Indígena da Jaqueira. Uma área de proteção ambiental que tem boa parte de seu território forrada com mata atlântica primária, ou seja, que nunca foi desmatada. Os índios da Jaqueira vivem parcialmente protegidos da cultura externa. Eles têm energia elétrica, mas só na escola; vivem em ocas, mas de alvenaria; usam roupas só no frio (pouco comum por aqui). O mais legal é que, nas aulas da escolinha, há tempo reservado para aprendizado do idioma dos pataxós. Mas, chegando ao ponto, toda essa introdução só para contar uma história que escutei por lá.
O que eles dizem na aldeia é que antigamente, quando um índio se interessava por uma índia, ele pegava uma pequena pedra do chão e atacava nela. Se ela jogasse uma pedra de volta ou agarrasse a que ele havia arremessado, era sinal de que também gostava dele. Algumas pedrinhas depois, o compromisso estava oficializado.
A data do casamento era marcada e toda a comunidade ajudava com os preparativos. Todos participavam da construção da casa, como uma forma de presentear a nova família. Quando a oca estava pronta, era hora de o noivo mostrar que era capaz de proteger sua futura esposa. Para isso, ele tinha de escalar uma montanha íngreme carregando um tronco de árvore que tivesse o mesmo peso da noiva. Se chegasse ao topo, provava que era capaz de socorrê-la em qualquer situação. Só então era realizada a cerimônia.
A união era oficializada com uma festa que reunia toda a aldeia. Os homens caçavam, as mulheres cozinhavam e todos dançavam para desejar felicidades ao casal. O casamento era para sempre, não havia como desfazê-lo (nada de anulação e muito menos divórcio) e nenhum dos dois poderia ser infiel.
Até hoje, uma vez por ano, casamentos como esse são realizados na Reserva Pataxó da Jaqueira.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
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