quarta-feira, 8 de abril de 2009

Caraíva: um capítulo à parte

A novela da viagem para Caraíva começou um dia antes, quando liguei para confirmar minha reserva na pousada. Hospedagem garantida, do outro lado da linha a voz me perguntou: “Você já veio alguma vez para cá?”. Minha resposta negativa fez com que a dona da pousada me desse uma prévia de como seria minha manhã seguinte. “Olha, chegando aqui você deixa o seu carro no estacionamento, avisa quantos dias você vai ficar, atravessa o rio de canoa e aí você já está na vila.” Minha vontade imediata foi dar um berro de indignação e perguntar se ela tinha noção da quantidade de bagagens que eu tinha. Só a minha mala grande tinha mais de 30 quilos, como eu poderia atravessar o rio de canoa? Mas tudo que saiu da minha boca foi um abafado “ok, então até amanhã”.

Na manhã seguinte, acordei cedo já imaginando a maratona que teria de enfrentar. O dia estava nublado e logo no café da manhã o seu Karl (velhinho austríaco dono da pousada que eu estava, que parecia dar uma bronca a cada palavra que emitia) começou a me dizer que seria uma loucura enfrentar a estrada para Caraíva com aquele tempo chuvoso. A voz rouca e com forte sotaque me dizia que no caminho para lá eu encontraria muitas ladeiras esburacadas (pirambeiras, nas palavras dele) e que meu carro não passaria, só mesmo um 4X4. Mas eu não tinha escolha, não podia atrasar a viagem um só dia.

A estrada estava realmente ruim, mas nada que o meu carrinho não pudesse enfrentar. Quando cheguei a Caraíva, descobri que não somente teria de pegar a canoa como, do outro lado do rio, teria de pegar um taxi até a pousada. Mas como assim um taxi se não é permitida a circulação de carros na vila? Taxi por lá é uma carroça. Em vez de você pagar a “corrida”, em Caraíva você paga a “carroçada”. Depois de me equilibrar na canoa e trimilicar na carroça, cheguei a um lugar como nunca havia imaginado. A pequena vila tem energia elétrica há apenas dois anos e pelas ruazinhas de areia fofa (bem fofa mesmo, daquelas que é até difícil andar) só encontramos algumas poucas pessoas andando a pé e raras carroças levando turistas. O ritmo de quem vive lá é diferente, diferente do que quem vive em cidade grande consegue imaginar.

Carroçada: o nome do cavalo era Nó Cego

Famoso pastel de camarão com catupiry do Boteco do Pará

Luna, a cachorrinha da pousada que me acompanhou 24h, almoçou e jantou comigo, depois dormiu na porta do meu quarto

Caraíva é assim:



Malas viajadas:
De canoa...

... e de carroça!!

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi, vc ficou em qual pousada lá? Tem alguma pra recomendar? Valeu ronilduarte@gmail.com